Capítulo XI
Avatar vs Oju
Brutus continuou descendo até o espaço ocupado pelos Ampliados. O grupo preferiu permanecer parado, pois não sabia quais eram as intenções de Brutus ou o que ele estava tentando fazer.
Oju, ainda parado a frente de seu clã, avistou o Zesto descendo o morro de areia e pediu para que os Ampliados abrissem caminho. “Eu conheço essa cara. O que um dos meus carrascos faz aqui?” - Vociferou o líder, ao ranger os dentes em raiva.
Oju, em um piscar de olhos, puxa uma adaga e parte em na direção de Brutus. Ele tinha uma velocidade incrível, difícil de acompanhar até mesmo com os olhos, tornando a investida impossível de ser bloqueada pelo faunino leão. A adaga penetra o abdômen de Brutus sem dificuldade, mas o mesmo permanece em pé.
Os olhos negros de Brutus agora brilhavam em uma tonalidade púrpura. Era possível ver o cintilar de longe. A adaga que Oju puxou para desferir o golpe em Brutus havia derretido antes mesmo de encostar no Zesto, e o ferro da arma estava completamente derretido aos pés de Oju. O calor que emanava do Avatar de fogo era muito forte para qualquer metal suportar.
Oju se enfureceu com o Avatar do fogo e convocou uma horda de Ampliados, que grudaram em Brutus e o espancaram violentamente. Por algum motivo a alta temperatura não era um incômodo para eles. Foi possível ouvir os rugidos de Brutus, que por algum momento, deixou o transe enquanto apanhava. O linchamento perdurou por vários minutos.
Seus companheiros, que ainda acompanhavam a cena no alto do morro de areia, escondidos, não sabiam se desciam para ajudar ou se apenas observavam. Mayim derrubou uma lágrima pelo companheiro, porém nada mais poderia ajudar o Garra de Sangue.
Os Ampliados voltaram às suas posições, assim como Oju, deixando a área livre para uma visão mais clara.
Brutus estava irreconhecível, com o rosto deformado, os ossos quebrados e troncos e membros dilacerados. Não havia como ele ter sobrevivido àquele espancamento.
O líder retoma a sua cerimônia.
“Ouçam-me irmãos e irmãs!
Nós, que por muito tempo, humilhados, sofremos!
Nós, que por muito tempo rastejamos aos pés daqueles que nos ignoraram e ainda ignoram, hoje, vamos triunfar!
Os céus olharam para nós, irmãos e irmãs! Hoje, quem zela por nós, reinará absoluto graças à nossa fé!
Fomos nós quem conseguimos ladrilhar o caminho para o uso das ampliações!
Fomos nós quem entendemos que o poder da ampliação pelas pedras era possível!
Fomos nós, meus fiéis seguidores, que tombamos as cidadelas e vilas que um dia ousaram nos negar abrigo!
E hoje, nós iremos mais uma vez ser pioneiros do poder, pois também fomos nós quem descobrimos que as pedras que interagiram com os Avatares trouxeram consigo uma herança divina…
Seremos nós, irmãos e irmãs, os que usarão este poder para entregar o Panteão a quem o tem por direito!!!”
Neste momento, todos os Ampliados começaram a urrar e torcer, levantando a mão e apontando na direção de Oju, reafirmando mais uma vez a solidez de seu líder.
“Vão, meus irmãos e irmãs, façam o tambor da guerra estremecer as portas e janelas daqueles que dormem tranquilamente enquanto o mundo acaba à sua volta! Mostrem à eles o desespero!
Conquistem o máximo de terras que conseguirem!
Uma vez que fomos os donos de toda essa região do Vento Oeste, vamos engolir o resto de Gaia em uma onda de terror e presentearemos o único deus que merece nossas preces...
A Escuridão!"
Quanto os ampliados começar a se dispersar para avançarem com pressa em direção às terras que cercam o deserto, o grupo foi avistado no alto da colina de areia. Sem muito o que fazer, eles são levados até Oju, como prisioneiros.
“Minha carrasca…" - Oju disse assim que viu Mayim de joelhos a sua frente, ao lado dos demais Avatares - "Que infortúnio, um peixinho no deserto. Onde você estava quando Kraken foi morto, jovem princesa?
Sim, demorou uma vida e uma morte pra eu perceber quem você é, mas sim...
Agora eu sei, Princesa Mayim…
Espero que não esteja com muita saudade de casa, já que não vai ver ninguém de lá por um bom tempo!”
Antes do diálogo se intensificar, o chão começou a tremer. Os Ampliados acharam que poderiam os ser vermes da Areia, e pedem para que Oju e todos os ali presentes deixem o local, já que as criaturas são praticamente invencíveis.
Acreditando que as vibrações ainda estão distantes, Oju calmamente diz que "ainda temos alguns minutos de diversão. Preciso dar um fim nestes bastardos.”
Os Ampliados alinharam os Cavaleiros da Luz em fila, um ao lado do outro. Os pés e as mãos presas, com a cabeça baixa, confirmaram a posição de abate. Oju executaria os quatro ali mesmo. Ele buscou uma alfange enorme e pesada, onde o movimento golpe somado ao peso da arma já seriam o bastante para arrancar a cabeça dos quatro de uma vez.
No último instante que antecederia o golpe, um raio de luz azul pequeno e veloz sai da caverna e corre até a Mayim, soltando suas mãos na hora e deixando-a livre para bloquear o ataque.
Mayim pôde ver Philio, um pequeno Marino que estava sempre ao lado da entrada do castelo. De alguma forma, Philio sobreviveu ao massacre e estava ali presente para ajudar os Cavaleiros da Luz. Ele empurra Oju, que revida o golpe e atinge o marino com uma onda de calor forte.
Durante este tempo entre o rápido confronto de Oju e Philio, Mayim consegue soltar o grupo todo, que está pronto para o combate.
Oju se viu forçado a enfrentá-los, mas foi antes dele atacar que uma enorme mancha negra cruzou os céus. Uma foice acerta em cheio a Alfange de Oju, impedindo que ele desfira o ataque em Mayim.
Um flash verde, ao lado da foice, aparece Varath, um dos Cinco cavaleiros da Távola de Murada, enviado a pedido do rei.
“Oju dos Ampliados, eu, Sir Varath Persimon, um dos Cavaleiro dos Cinco, sob a ordem direta do rei Regis Aulstyne VI, o condeno pelos crimes de assassinato, sequestro, extorsão e roubo. Sua sentença será a morte, e você pagará aqui e agora. Quais são suas últimas palavras?”
“Morra, Varath”
Um assovio fino sopra da boca de Oju e de repente Varath e os Cavaleiros da Luz se veem cercados de Ampliados.
O exército de Murada começa a surgir das colinas para dar reforço e impedir que o exército de Oju fuja ou faça mais vítimas, mas o esforço é em vão. Vários soldados não suportam a agressividade dos Ampliados e vão caindo um a um.
Varath segue focado em seu combate com Oju.
Durante a troca de golpes de foice e espada, Varath se desequilibra no terreno ruim e acaba caindo apoiado sob seu joelho.
Oju desfere um violento golpe em direção à cabeça do cavaleiros dos Cinco. O peso da espada e do zesto foi impedido pela foice de Varath, que agora era a única coisa que separava seu pescoço da lâmina de Oju.
O rebelde encarou Varath mais uma vez:
“A verdadeira deusa terá o seu lugar. Agora, morra!”
Neste momento, um escudo circular acerta a cara de Oju, fazendo-o cair ao chão, desnorteado. Barion chegou em tempo. Ele vem correndo de longe enquanto saca sua montante e desfere um golpe violento, arrancando um braço de Oju enquanto o mesmo ainda estava retomando o equilíbrio. Foi muito rápido.
Oju se levanta e parte em retirada dizendo que um dos Cinco ele poderia tolerar, mas não dois.
Depois do confronto, os Cavaleiros da Luz juntaram-se à Baron e Varath, para conversarem e estudar o próximo passo.