ARCO II - CAPÍTULO VI
A Jaula
O acordo era com Binku era bastante simples: vencer uma luta mano a mano dentro de um evento de luta que eles chamam de A Jaula, um entretenimento clandestino que tem um alto número de apostadores e espectadores, movimentando assim uma quantidade de dinheiro muito grande. Era necessário apontar quem do grupo seria o campeão que competiria na Jaula.
Caso o lutador do grupo vencesse, ele seria premiado com 100 moedas de ouro, quantia suficiente para quitar a dívida com Binku (40 moedas de ouro) e ficar com o restante do ouro, enriquecendo o grupo. O campeão dos Cavaleiros da Luz foi Bartholomeu.
O grupo descansou por um dia e foram então levados por um dos funcionáros de Binku até o local da Jaula. O caminho era estreito em meio a altas árvores, com terra revirada e muitas manchas de sangue nas árvores e no chão. Ao final do caminho, havia uma clareira com diversas cadeiras e bancos postos em forma circular que cercavam uma jaula de grade galvanizada, redonda e alta como um palco, local onde os campeões se degladiavam. Acima das cadeiras, um mesanino fora erguido para acomodar apostadores e nobres, civis com mais dinheiro, a fim de criar um ambiente mais agradavel para os ricos e separá-los da plebe. Ao soar do gongo após alguns minutos depois que chegaram, Bartholomeu entrou na jaula para enfrentar seu oponente, um Faunino que estava presente no chalé de Binku. Sua aparência tigresca e forma muscular lembraram e muito o regente de Matadentro, Palu Babr. Não a toa, o nome daquele campeão era Pogo Babr, irmão de Palu.
O combate foi visceral em seu início mas Bartholomeu dominou a luta logo após entender como a Jaula funcionava, sem ceder à pressão. O apoio de seus aliados foram essenciais para a vitória. Saindo de lá com as 100 mil moedas em mãos, o grupo voltou para o chalé na clareira, reencontrou Binku, pagou sua dívida e embolsou as outras 60 moedas, que foram divididas entre todos. Agora livres, o grupo perguntou algumas coisas à Binku, em sua maioria sobre o paradeiro de Oju, e foram informados após pagarem pela informação que Oju fora avistado no Posto do Progresso, alguns kilômetros a frente dali. O grupo então decide seguir viagem.
Chegando em Posto do Progresso, os Cavaleiros da Luz concordam em repousar em um hotel beira de rua para repor suas energias, mas não contavam que a noite ainda se extenderia para eles. Ao longe da rua, uma voz familiar gritava sozinha na noite, chamando por seus "traidores".
- Traidores! Onde estão vocês?! - exclamou Barion Rosenberg várias vezes até que fosse respondido. Anakin desceu seguido de todo o grupo com exceção de Akira, que preferiu permanecer em seu quarto de hotel. Na rua, Barion estava fora de si e buscava vingança contra os Avateres. Ele dizia:
"Eu estive lá por vocês… Eu cruzei desertos, enfrentei caravanas de Zestos pelas dunas de Famfrit para proteger a pele de vocês. Tentei persuadir Murada a não considerar Brutus como um traidor, pois sabíamos, eu e vocês, que ele estava sob influência das trevas… Eu fui preso por vocês… Eu fui humilhado por vocês… E vocês não voltaram por mim!"
Aquelas palavras perfuraram o coração de Anakin como navalhas. Barion estava quebrado, com sua honra despedaçada e um aspecto de desespero e desamparo. Seus olhos, negros como onix, lembraram os de Brutus na noite em que fora tomado pela Escuridão. De alguma forma eles sabiam o que estava acontecendo... Sabiam o que estava por vir.
Barion partiu em disparada contra o grupo, rápido demais para um homem daquela idade e daquele tamanho. Sem reação, o grupo apenas pode assistir um encontro inusitado da espada de Barion com a de Lady Ludwig, que chegou em cima da hora para salvar os Avatares da investida bruta do ex cavaleiro. Ludiwig, mal se aguentando em pé sob aquela força esmagadora de Barion, tentou trazer o ex companheiro de volta à suas razões:
"Barion, recomponha-se! Você não pode entrar em um combate com os Avatares, você vai ser aniquilado! Mesmo que por um milagre você saia vitorioso, as forças armadas da Passagem das Máquinas vão capturá-lo e levá-lo de volta para Murada, onde o Conselho Supremo irá te condenar mais uma vez pelos seus crimes!”
Aquelas palavras não alcançavam o coração do cavaleiro.